Corpo de adolescente que morreu após comer ovo de Páscoa supostamente envenenado é enterrado em Imperatriz, no MA
23/04/2025
(Foto: Reprodução) A adolescente morreu na terça-feira (22) após complicações decorrentes de intoxicação. Corpo de adolescente que morreu após comer ovo de Páscoa supostamente envenenado é enterrado em Imperatriz
Leiliane Araújo
O corpo de Evely Fernanda Rocha Silva, de 13 anos, foi enterrado na tarde desta quarta-feira (23), no cemitério Bom Jesus, em Imperatriz (MA). A adolescente morreu na terça-feira (22) após complicações decorrentes de intoxicação. Segundo a equipe médica, a causa da morte foi choque vascular e falência múltipla de órgãos.
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A despedida foi marcada por fortes emoções entre familiares e amigos da adolescente. O pai das duas vítimas do suposto envenenamento compareceu ao velório, mas permaneceu em silêncio na maior parte do tempo.
Evely foi uma das vítimas do envenenamento ocorrido após a família receber e consumir um ovo de Páscoa supostamente contaminado. A mãe da adolescente, Mirian Lira, também foi internada, mas recebeu alta temporária para acompanhar o velório e o enterro da filha.
O irmão de Evely, Luís Fernando Rocha Silva, de 7 anos, foi a primeira vítima do caso. Ele faleceu na madrugada de quinta-feira (17), poucas horas após ingerir o chocolate.
A principal suspeita de ter cometido o crime é Jordélia Pereira Barbosa, de 35 anos. De acordo com a Polícia Civil, ela teria enviado o ovo supostamente envenenado motivada por ciúmes e desejo de vingança.
O Instituto de Criminalística realiza exames com amostras biológicas das vítimas e do ovo de chocolate para identificar quais substâncias foram utilizadas no suposto envenenamento. O resultado está previsto para a próxima semana e será enviado à Delegacia de Homicídios de Imperatriz, que investiga o caso.
Adolescente que morreu após comer ovo de Páscoa supostamente envenenado é enterrado no MA
Mãe que perdeu dois filhos após ovo de Páscoa pede justiça
Morre adolescente por suposto envenenamento
A operadora de caixa Mirian Lira, que perdeu os dois filhos após comerem um ovo de Páscoa supostamente envenenado, deixou o hospital. Em entrevista à TV Mirante, em Imperatriz, no sudoeste do Maranhão, ela diz não saber como vai ser a própria vida daqui para frente.
A filha de Mirian, Evely Fernanda, de 13 anos, morreu nesta terça-feira (22), cinco dias após o irmão, Luís Fernando, de 7 anos. Os três passaram mal após comerem o chocolate. A suspeita de ter enviado o ovo à família, Jordélia Pereira Barbosa, foi presa. Ela nega o envenenamento.
Após ficar internada em uma UTI e ser entubada, Mirian foi, aos poucos, se recuperando no hospital. Ela foi liberada para ir ao velório e ao enterro da filha nesta quarta (23).
"Só Deus mesmo. Daqui para frente não tenho nem um pouco de noção como que vai ser. Só quero que seja feita justiça porque foram meus dois filhos que eu não vou ter mais de volta. Então é só o que eu peço: justiça", disse Mirian.
Mirian Lira, em entrevista à TV Mirante
Reprodução/TV Mirante
Na conversa com a repórter Leiliane de Araújo, Miriam afirmou também que nunca imaginaria que o ovo de Páscoa enviado para sua casa pudesse ter algum veneno. Esta é a principal suspeita da polícia até o momento.
"Quando chegou a embalagem, me ligaram, né? Me perguntaram se eu tinha recebido. Só que na minha cabeça, eu achei que fosse o povo da Cacau Show confirmando se eu tinha recebido a embalagem. Eu apenas falei que tinha recebido e não procurei investigar de onde vinha", afirmou.
Sobre a ordem de quem comeu primeiro o ovo, a operadora de caixa relatou que só lembra de todos estarem na cozinha e provarem o chocolate praticamente juntos.
"Nunca imaginei [que poderia estar envenenado]. Só passando por isso. (...) Estou tentando digerir aos poucos, ainda. É muita informação ainda. Estou tentando digerir devagarzinho", disse.
Jordélia foi presa em flagrante na quinta-feira (17) e a prisão preventiva foi decretada durante a audiência de custódia na sexta (18). Ela estava presa em Santa Inês, no Maranhão, mas foi transferida neste domingo (20) para a Unidade Prisional de Ressocialização Feminina de São Luís (UPFEM).
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP), Jordélia deve permanecer no presídio à disposição da Justiça durante as investigações.
As amostras dos ovos de Páscoa foram encaminhadas para análise no Instituto de Criminalística e o prazo para o resultado é de 10 dias. Também já foi solicitada à perícia a coleta de sangue das vítimas e dos produtos encontrados com a suspeita, além do laudo cadavérico de Luís Fernando, que podem comprovar o envenenamento do ovo.
Polícia suspeita de crime por motivos de vingança
Segundo as investigações, Mirian Lira estava namorando há cerca de três meses com o ex-marido de Jordélia Pereira Barbosa. O relacionamento teria sido a motivação para o crime. Segundo a Polícia Civil do Maranhão, a suspeita tinha ciúmes e queria se vingar do ex-companheiro.
Segundo a polícia, Mirian e o atual namorado já tinham se relacionado durante a adolescência, na cidade de Santa Inês. Após o fim do namoro, Mirian se mudou para Imperatriz, onde conheceu o pai de seus filhos. Ela continuou a viver por lá mesmo após o fim desse segundo relacionamento.
Já o ex-namorado de Mirian continuou morando em Santa Inês, onde se casou com Jordélia e teve dois filhos com ela. Eles se separaram há dois anos.
Em janeiro deste ano, o ex-marido de Jordélia e Mirian voltaram a namorar, a distância. Foi ele quem deu pistas à polícia de que Jordélia poderia ser a autora do suposto envenenamento. O relacionamento deles era conturbado e a ex-mulher já havia ameaçado Mirian em janeiro, segundo ele relata.
Família hospitalizada após comer ovo de Páscoa no MA: o que se sabe e o que falta saber sobre a suspeita de envenenamento
Mirian e os filhos, Luís e Evely
Reprodução/TV Mirante
Quem é a suspeita presa
Jordélia é mãe de um casal de filhos, uma criança e um adolescente, que teve com o ex-marido. O g1 não conseguiu localizar a defesa da suspeita até a publicação desta reportagem.
Em um perfil em uma rede social, Jordélia afirma ser esteticista. Ela era conhecida no ramo da beleza e possui um estúdio de estética em casa.
A suspeita também frequentava uma igreja evangélica quando estava casada, segundo relatos de alguns fiéis, que disseram que o casal era problemático e vivia brigando, inclusive na porta da instituição religiosa.
Há suspeita de que o ovo recebido pela família estava envenenado.
Reprodução/TV Mirante
Crime premeditado
Análises de imagens de câmeras de segurança, comprovantes de compras e depoimentos de familiares e pessoas ligadas às vítimas ajudaram a Polícia Civil do Maranhão (PCMA) a resolver um quebra-cabeça e chegar até a suspeita.
Segundo o delegado Ederson Martins, todos os indícios do caso levam a crer que o crime foi premeditado com detalhes e com antecedência.
Jordélia Pereira viajou 384 km, saindo de Santa Inês para Imperatriz. A viagem foi feita em um ônibus interestadual que liga os dois municípios. Ela saiu de Santa Inês por volta de 0h30 de quarta-feira (16) e chegou em Imperatriz no mesmo dia, pela manhã.
Por volta das 15h, Jordélia foi disfarçada a uma loja de chocolates e comprou um ovo de Páscoa. Imagens de câmeras de segurança do estabelecimento mostram ela usando óculos e uma peruca preta no estabelecimento. À noite, o ovo foi enviado para a casa das vítimas por motoboy.
Por volta de 2h30 da quinta-feira, ela pegou um ônibus intermunicipal para voltar a Santa Inês. Ela foi interceptada e presa assim que desceu do ônibus. A polícia encontrou com Jordélia duas perucas, restos de chocolate em bolsas térmicas e um bilhete de ônibus. As provas foram anexadas ao inquérito.
A suspeita se passou por uma mulher trans e fez a reserva em um hotel de Imperatriz. Com o nome falso de Gabrielle Barcelli, ela apresentou crachás falsos e um deles era de uma suposta empresa de gastronomia na qual ela trabalhava.
Para não apresentar um documento de identificação, ela alegou à direção do hotel que estava passando por um processo de regularização como mulher trans.
Material apreendido com Jordélia Pereira Barbosa, 35 anos, suspeita de envenenar família com ovo de Páscoa no Maranhão.
Divulgação/Polícia Civil do Maranhão
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